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O monge e o executivo

O livro O MONGE E O EXECUTIVO (The Servent), do autor JAMES C. HUNTER, foi um livro que li ainda adolescente por estar lá, disponível na estante dos meus pais. 

 

Obviamente não me impactou tanto, e relê-lo agora foi muito interessante pois fica evidente como o autor pega frases chave de vários outros autores e condensa tudo em uma história de pouco mais de 100 páginas.

 

 

Abaixo, preparei um breve resumo do livro (que já é por si só um resumo de vários outros livros!).

Resumo

O livro já começa com uma frase de Daniel Carnegie (o autor de outro Best-Seller: Como fazer amigos e influenciar pessoas) em que diz: “As ideias que defendo não são minhas. Eu as tomei emprestada de Sócrates,  Chesterfield e Jesus”. A grande diferença que reside nos livros citados direta ou indiretamente em O MONGE E O EXECUTIVO, é que esse optou por condensar todas as ideias em uma narrativa curta e eloquente.

 

Talvez, como um primeiro contato pra esse tipo de literatura, seja uma boa leitura, mas para mim acabou sendo algo mais raso, em que as ideias/conclusões são “jogadas” nos diálogos entre os personagens.

A história é centrada John, gestor de uma grande fábrica que vem passando por apertos em seu papel de líder e, por influência da esposa, passa uma semana em um mosteiro da Ordem de São Bento, onde participa de um “seminário de liderança” liderado pelo monge Simeão. Simeão, ante de entrar para a ordem tinha sido um famoso gestor em várias empresas gigantes dos EUA.

 

A partir dessa narrativa, o autor coloca vários pensamentos sobre liderança nos seminários que ocorre todos os dias no mosteiro, tendo como condutor Simeão e John, um pastor, um sargento, uma enfermeira-chefe e uma treinadora de “alunos”.

 

A primeira “lição” dada é de “ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver”. A escuta empática também é abordada (mais à frente do livro), mas não com profundidade como tratado em OS 7 HÁBITOS DAS PESSOAS ALTAMENTE EFICAZES.

 

A conversa no seminário segue para a discussão da diferença entre GESTÃO e LIDERANÇA.

GESTÃO LIDERANÇA
Gerenciamos coisas, e não pessoas.
Lideramos pessoas. É a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum

Assim, fica explícito que a liderança, por ser uma habilidade, pode ser adquirida e melhorada. Para exercer a liderança, temos dois caminhos (segundo Max Weber), usando o poder ou a autoridade.

 

PODER AUTORIDADE
Faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer.
Habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal.

Nas discussões que se seguem, fica claro que a liderança por meio da autoridade é superior ao uso do poder. O poder não ajuda na construção e manutenção dos relacionamentos, e, ainda que seja capaz de conquistar coisas a curto prazo, no longo prazo a relação entre o líder e liderados se desgasta.

 

 

Para que possamos então influenciar pessoas (e não as controlar com poder), necessitamos de construir relacionamentos saudáveis. Isso se dá ao identificarmos o que o liderado necessita (que pode ser diferente do que ele deseja). É importante citar que, a necessidade está atrelada não apenas à recompensa monetária, mas também à sensação de pertencimento à organização, tratamento respeitoso e sentimento de que sua contribuição é relevante para a empresa/mundo.

VONTADE/DESEJO NECESSIDADE
Anseio que não considera as consequências físicas ou psicologias daquilo que se deseja
Legítima exigência física ou psicológica para o bem-estar do ser-humano.
As necessidades estão expressas pela nossa velha conhecida pirâmide de Maslow:

Para sermos líderes, temos então que identificar as necessidades e sermos cientes que não há como pular as etapas da pirâmide de Maslow. Identificar necessidades significa servir. Atender a vontades significa ser escravo. Contudo, para servirmos, não basta a identificação das necessidades, é preciso agir.

 

Assim, dentro da história do livro em que os participantes seguem discutindo “liderança”, Simeão cita mais um grande autor de sucesso: Ken Blanchard, que escreveu Gerente Minuto. Essa citação é usada para destacar “a regra de ouro” com ase seguintes equações.

INTENÇÃO – AÇÃO = NADA

INTENÇÃO + AÇÃO = VONTADE

“Sentimentos de respeito devem se expressar através de ações de respeito”. Essa frase ressoa bem com o apresentado até aqui, pois nos recorda que de nada adianta sabermos desses conceitos se não os colocamos em prática. Ouvir atentamente é vital para entendermos a necessidade dos funcionários, não interromper o outro demonstra tanto que estamos prestando atenção como valorizamos a opinião e os sentimentos alheios. Em resumo a regra de outro: tratar os outros como gostaríamos de sermos tratados deve permear sempre nossos pensamentos em qualquer interação.

 

Uma discussão interessante do livro é a abordagem que para liderar é necessário amar. Lembremos da pegada religiosa do livro, da ambientação da história no mosteiro e de Jesus, destacado como o maior líder de todos e cujo maior mandamento é “Amar uns aos outros como eu vos amei”.

 

No livro, é colocado que o verbo amar é interpretado por nós como sendo exclusivamente como um sentimento. Contudo, ele também pode (e deve) ser interpretado como um comportamento. Na tradução bíblica “original” da bíblia em grego, o mandamento de Jesus é escrito com o termo AGAPE.

 

Os gregos tinham muitas palavras para descrever o amor, dentre elas:

  • EROS: sentimentos de atração sexual/desejo ardente
  • STORGÉ: afeição, como por membros familiares
  • PHILOS: fraternidade, amor recíproco e condicional
  • APAGÉ: amor incondicional, escolha comportamental deliberada

 

Na tradução grega, os ensinamentos de Jesus tratam do termo Agapé, que se perdeu nas traduções recentes das línguas modernas ocidentais. A famosa carta de Coríntios, que também foi musicada por Renato Russo descreve o amor com base em comportamentos (paciente, bom, humilde, generoso…). São adjetivos, características atribuídas ao amor de Jesus, e destacadas no início da história do livro como traços de caráter que todo bom líder apresenta.

 

Outra lição de etimologia é que a palavra disciplina vem de discípulo. Significa ensinar ou treinar. Assim, uma ação disciplinar tem como intuito mudar o comportamento, e não punir o indivíduo (algo para sempre lembrar para exercer a educação positiva, e não punitiva!).

 

Nesse ponto do seminário, nossos personagens percorrem a lista das características de um bom líder com um dicionário na mão. Eis o resumo:

  • Paciência: mostrar autocontrole
  • Bondade: dar atenção, apreciação, incentivo
  • Humildade: ser autêntico, sem pressão orgulho ou arrogância
  • Respeito: tratar as pessoas como se fossem importantes (porque elas são!)
  • Abnegação: satisfazer a necessidade dos outros
  • Perdão: desistir de ressentimento quando enganado
  • Honestidade: ser livre de engano
  • Compromisso: ater-se a suas escolhas

 

 

Um líder que consiga reunir todas essas características consegue como resultado a “busca do bem maior”, que seria a conquista de um objetivo que vai além das necessidades pessoais do líder: a satisfação das necessidades de todos os seus liderados.

 

A partir desses traços de caráter o líder tem condições de criar um ambiente propício à realização dos objetivos (ou necessidades) de todos. É importante deixar claro que as pessoas é quem devem mudar seu comportamento e atingir suas próprias realizações. O líder mostra o caminho, as pessoas escolhem ou não seguir o caminho. Cabe também ao líder o duro papel de cortar quem escolhe ir por um caminho diferente.

 

Um comentário tangente ao livro que acho sempre curioso. Tendo isso em mente (que as pessoas escolhem o caminho que querem seguir), acho espantoso como lições colocadas aqui se liderança como serviço e da educação positiva são de fato ridicularizadas pelas pessoas em geral. Nossa sociedade acha natural dar esporros em funcionários (exército e indústria principalmente) ou bater em nossos filhos como medida disciplinar (isso tem mudado, mas sabemos que é crônico). Contudo, quando falamos a abordagem positiva, de cobrar por resultados e educar com disciplina (no sentido estrito da palavra, já abordado aqui) as pessoas literalmente “riem da sua cara e dizem que não vai funcionar”. Ora, a liderança com serviço exige também que sejamos duros. A diferença é que a “punição” deve ser clara e educada. Transmitir aos nossos funcionários (principalmente subordinados que tem abaixo de si mais pessoas) qual é o caminho que desejamos seguir, e caso isso não seja cumprido, estão fora da organização.

 

Finalizando as discussões do livro. O seminário de liderança está quase ao fim. O último dia é usado para discutir essa questão da escolha. Que somos livres para, dado um estímulo externo, escolher qual será nossa ação sobre esse estímulo. É importante também relembrar que as características do bom líder devem ser praticadas, e com a prática podem se tornar um hábito, um comportamento inconsciente que finalmente pode fazer parte do nosso caráter.

 

 

Nosso personagem principal acaba o seminário extremamente tocado pelos ensinamentos. E nós, como leitores dessa história somos convidados a refletir junto com os participantes do seminário a cada dia de leitura. De minha parte, seguirei com mais leituras reflexivas, nessa jornada de amadurecimento “espiritual e psicológico”.

 

 

Nos vemos no próximo livro!

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