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Livros

O poder do hábito

Charles Duhigg é um jornalista que compilou vários casos curiosos sobre  os hábitos e escreveu um dos primeiros livros que li sobre comportamento humano e que rompeu com todas as minhas crenças sobre quem somos e como devemos lidar com nossos costumes.

 

Vem comigo para entendermos o poder do hábito nas nossas vidas!

 

Abaixo, preparei um resumo bem rápido do livro, e você pode também olhar o site oficial de Charles Duhigg com material disponível para enriquecer o aprendizado.

Resumo

O livro é dividido em nove capítulos, cada um contanto um (ou mais) casos curiosos de comportamento e sua ligação com o termo hábito. Hábito é uma equação que nosso cérebro segue, fazendo isso poupamos gastar energia desnecessariamente simplificando escolhas. Hábitos não são o vilão da história. Más rotinas sim.

Hábitos são as escolhas que tomamos no dia-a-dia sem pensar e nos fazem quem somos. Quando falamos em maus hábitos a maior parte das pessoas pensam em fumar, beber ou comer doces demais. A verdade é que cada micro-atividade é um hábito: escovar os dentes, olhar o celular a cada 10 minutos (mesmo quando não há novas notificações), espreguiçar-se assim que acordar.

 

Alguns hábitos podem parecer bobos, mas olhar para eles, identificá-los pode ser o primeiro passo para conduzirmos uma vida mais leve ao criarmos cada vez mais rotinas benéficas para nossas vidas e eliminar as ruins.

 

Hábitos estão enraizados em nossa mente e mudá-los não é uma opção. O que podemos fazer é alterar o comportamento em si (o comportamento é uma parte do loop do hábito). Assim, para nos tornarmos pessoas melhores e liderarmos organizações mais bem sucedidas, podemos usar de ferramentas que busquem entender cada etapa do hábito e agir para modificá-lo.

 

  1. Identifique a rotina: é o comportamento que desejamos alterar que nos causa mau ou praticar mais (se nos é benéfica).

  2. Descubra a recompensa: é o que nos leva a fazer a rotina. Não é tão simples quanto parece, pois a recompensa real pode não estar ligada diretamente ao “benefício” da rotina. Observe seu “desejo” após 15min da rotina, se você ainda se sente necessidade de executar a rotina, então você ainda não encontrou sua recompensa.

  3. Isole o gatilho: o que desencadeia o loop do hábito são os gatilhos, que podem ser de 5 formas:

    • Localização
    • Tempo
    • Estado emocional
    • Outras pessoas
    • Ação precedente imediata

    Escreva seu estado em todas as 5 dimensões para tentar mapear com exatidão o gatilho. Sabendo o gatilho, você pode se auto prevenir de realizar uma rotina ruim substituindo-a por uma boa.

  4. Tenha um plano: sabendo dos 3 passos anterior, você pode traçar um plano claro par aa substituição da rotina. Isso te ajuda a não reincidir em maus hábitos. Mas fique atento, a falha será certa, encare-a como uma oportunidade de melhorar o método como um músico que pratica horas e horas até chegar à perfeição.

Capítulo 1

O primeiro capítulo é ilustrado por Eugene, um homem que sofreu um acidente e não tinha mais a capacidade da memória. Contudo, ele era capaz de se “lembrar” de hábitos antigos e com o tempo foi capaz de criar novos hábitos.

 

O que é um hábito? Posso descrever como um processo de três etapas tatuado em nossa mente. São um loop que envolve um gatilho (deixa) que ativa uma ação rotineira seguida de recompensa.

Os hábitos nos fazem poupar energia e capacidade de processamento. É como colocar nossa mente no piloto automático. Hábitos são difíceis de serem quebrados porque são benéficos para nosso cérebro. Eles “ficam” na base da ganglia, uma das partes mais antigas do nosso cérebro.

 

Sabendo que hábitos são difíceis de serem quebrados (aparentemente impossíveis) várias empresas/estratégias de marketing atacaram esse sistema para atrair e fidelizar clientes. É por isso que várias empresas são padronizadas (não só para abaixar os custos) quanto a layout em qualquer lugar do mundo. A ambientação, os processos e o próprio menu em uma rede “restaurantes” (o exemplo desse capítulo foi o McDonalds) é pensada para criar hábitos nos clientes e fazerem eles não quererem sair de lá.

Capítulo 2

O problema com os hábitos é que o ser humano começa a antecipar a recompensa. A recompensa, apesar de estar no “fim” do loop (se é um loop não há início nem fim) começa a ser colocada em evidência. Entender que somos baseados em recompensas gera mais uma estratégia de marketing.

 

Nesse capítulo o autor apresenta o estudo de caso do produto Febreze, que inicialmente foi idealizado para remoção de odor. O próprio produto era inodoro. Suas vendas dispararam quando a equipe percebeu que poderia vende-lo como uma recompensa por um trabalho bem feito, adicionando um cheiro agradável e incentivando os consumidores a utilizá-lo como um produto de “finalização”.

 

Essa ideia traz outro ponto à tona. A nossa necessidade de confirmação. Produtos como shampoos ou pasta de dentes também não precisam de espumar ou proporcionar uma sensação de frescor. Todas essas características foram adicionadas como uma forma de comprar eficiência e fomentar o sentimento da fissura.

 

A fissura é a ânsia gerada pelo gatilho ao sabermos que teremos uma recompensa. Medidas da atividade cerebral em macacos e humanos identificou níveis elevados de atividade cerebral no momento do gatilho, e não no momento da recompensa. Isso só acontece quando um hábito já foi criado.

Capítulo 3

Então, hábitos são benéficos para o cérebro pois nos permite poupar energia. Devemos ter ciência dos efeitos dos gatilhos e da antecipação da recompensa para não sermos manipulados. Contudo, nem todo hábito adquirido é benéfico como um todo. Ao longo da vida adquirimos hábitos (comer demasiadamente, beber muito café, fumar, dirigir sem olhar no retrovisor…) que podem nos fazer mal.

 

Como os hábitos estão tatuados na gânglio, devemos mudar a rotina. Ela, possivelmente, é a fonte de todo mal. Essa estratégia deve ser usada tanto para comportamentos pequenos quanto para grandes vícios. No caso de vícios que realmente impactam a vida associações como o AA são famosas por utilizar a crença como um pilar adicional para vencer a substituição da rotina. A crença mão precisa ser necessariamente em um Deus, mas em algo maior que a própria pessoa (como uma causa que a pessoa se engaja ou um acontecimento impactante).

Capítulo 4

Para mudar hábitos ou criar hábitos novos e benéficos, tanto indivíduos quanto organizações devem aplicar a busca por pequenas rotinas, que pouco a pouco se incorporam na cultura e causam um clima de mudança duradouro.

 

A grande virada deve ser iniciada passo a passo, e cada pequena vitória é acumulada em nossa conta mental. O autor ainda coloca por meio de exemplos de figuras bem sucedidas a importância do envolvimento de todos em uma meta que seja importante para todos os níveis (no caso de criar uma cultura saudável em uma organização) e do autoconhecimento para a identificação de padrões/gatilhos que auxiliem na construção de uma rotina saudável.

Capítulo 5

Para seguir em uma jornada de mudança é necessário uma grande força de vontade e disciplina. Vários estudos (como o famosos estudo do Marshmallow) indicam que a inteligência (IQ) é menos importante do que a nossa força de vontade. É ela que nos faz alcançar nossas metas, nossas pequenas vitórias. A força de vontade não é só essencial para continuar a perseguirmos mudanças de hábitos, mas também pode ser tornar um hábito por si só.

 A força de vontade não é uma habilidade exclusivamente inata. Pode ser criada, desenvolvida e impressa em nosso gânglio. Para isso, precisa ser praticada. Uma maneira de fazer isso é a auto imposição de metas (estudo de 1992 em que pacientes melhoraram mais rápido quando colocaram pequenas metas para recuperação em uma cirurgia). Além disso, o planejamento ajuda quando estamos diante de um problema/situação estressante. Planejar é uma forma de antecipar imprevistos e faz com que nos preparemos para eles.

 

O exemplo desse capítulo, gira em torno da famosa cafeteria américa Starbucks, que tem um programa de treinamento de funcionários focado para o empoderamento força de vontade do colaborador. Eles são ensinados a antever situações de estresse. Assim, quando elas ocorrem, eles estão mais preparados para lidar com ela.

 

Ao pensar com antecedência em como podemos nos sentir/agir diante de uma situação incômoda, quando ela de fato acontece, somos guiados por um “extinto falseado”, uma rotina já pré-estabelecida em nossa mente (por nós mesmos!).

 

É importante destacar que a força de vontade está associada à autonomia (ou a simples sensação de autonomia). Todos queremos ter poder de nossas vidas, e prover isso nas organizações é um caminho para criar hábitos (rotinas) saudáveis e, consequentemente, aumentar a eficiência. Uma fábrica em Ohio conseguiu o aumento da produtividade em 20% apenas dando mais autonomia para seus funcionários permitindo que eles controlassem o próprio planejamento de escala da equipe e fizessem o desenho dos uniformes.

Capítulo 6

Ainda sobre hábitos em organizações, Charles descreve a situação de um hospital que não dava autonomia para as enfermeiras. O resultado era de várias cirurgias erradas e uma fatalidade. Ele aponta que, segundo o livro An Evolutionary Theory of Economic Change – published in 1982 by Nelson and Winter, as decisões tomadas em uma organização são resultado de uma série de mini-decisões independentes, tanto de indivíduos com poder, quanto sem poder. Assim, ainda que exista uma cultura organizacional, os resultados são um reflexo de hábitos passados que se fortificam a cada dia.

 

A fatalidade no caso do hospital foi a gota d’água que desencadeou a mudança na organização. Um rebalanceamento do poder foi feito atacando a rotina e o hábito foi alterado. Um problema é um sinal para agir e causar a mudança necessárias. Principalmente quando o problema é alardeado por toda a mídia.

Capítulo 7

Sem dúvida nenhuma, esse capítulo foi o que mais me agradou, visto que relata o uso de inteligência de dados para análise de consumo. A famosa rede Target americana estudou os hábitos dos seus clientes e conseguiu determinar se uma cliente está grávida ou não. A gravidez é um evento que traz muitas mudanças para uma casa e seguramente vários hábitos novos de consumo vão se formar nos próximos anos.

 

A empresa percebeu aos poucos que revelar conhecer tão bem seus clientes não era uma boa ideia.  Ninguém gosta de saber que está sendo espionado. Assim, ao enviar propaganda/cupons a equipe misturou itens aleatórios. A empresa conseguiu aproveitar-se dos hábitos individuais de seus consumidores sem transparecer que está violando a individualidade deles. 

 

Esse assunto é altamente polêmico nos dias de hoje com os avanços de leis de proteção de usos dos dados.

Capítulo 8

Aqui somos apresentados a dois novos conceitos:

 

·         Laços fortes: se dá entre indivíduos (como parentes, amigos)

·         Laços fracos: se dá entre sociedades/comunidades (colegas de trabalho, igreja ou vizinhos)

 

Hábitos também surgem em meio a movimentos sociais e são eles que determinam se um movimento vai perdurar ou não. Quando Rosa Parks foi presa por não ceder seu lugar em um ônibus para um branco, o movimento anti-racial ganhou força. Isso aconteceu pois Rosa era uma pessoa “influente”. Ela participava de vários grupos sociais, o que levou ter laços fortes com várias pessoas. Por consequência, ela também estabeleceu laços fracos entre várias comunidades, que se levantaram para defender a causa.

 

Os laços fracos são responsáveis por espalhar o movimentos, criam pressão social e “fazem as coisas acontecerem”. Focar em criar laços fracos é a chave para cultivar hábitos em grupos de indivíduos que compartilham uma crença em comum.

Capítulo 9

Mais um caso sobre a mente e o quão assustador essa parte do corpo humano é (para mim). Casos de terror noturno podem gerar fatalidades (como o caso do marido que estrangulou a própria esposa) e demonstra como não temos controle sob nós mesmos. Em crises de terror noturno, a mente entra em um estado único e primitivo, onde apenas regiões neurológicas antigas ligadas a um instinto antigo. A mente segue um hábito primitivo e não temos real consciência do que está acontecendo.

 

Outro fato bizarro é da atividade neurológica de apostadores (gamblers). Apostadores “normais” quando perdem “por pouco” encaram a derrota pelo que ela é: um saldo devedor na conta. Já um apostador “por força do hábito” apresenta uma atividade neural de excitamento. A vitória passou por pouco, então ele continua a apostar. Ainda que ele não tenha tido a recompensa monetária, ela passou perto, e isso engatilha o hábito de permanecer jogando. É por isso que as máquinas de cassino são programadas para mostrar mais “perdas por pouco” do que “por muito”.

 

Nossos hábitos estão sim enraizados em nossa mente. Não podemos mudá-los no sentido de quebrar o loop. O gatilho continua a existir. A recompensa está lá. A mudança no hábito está em reconhecer esse loop e atacar a mudança da rotina. A substituição de uma rotina está fadada a falhar várias vezes. Saiba disso e abrace o erro. Eles são uma oportunidade de aprendizado e de mapeamento de todos os gatilhos que disparam maus hábitos.

 

Já sabemos, mudar hábitos é uma tarefa difícil. Porém, a perspectiva que o autor dá para o conceito hábito, como um loop de três etapas é libertadora. Tudo o que devemos fazer é a mudança de rotina! Com a estratégia correta, podemos melhorar cada vez mais como indivíduos. E você leitor, consegue identificar um deixa para um hábito ruim?

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